Oiiieeee leitores do Blog Locomotiva Social, passando aqui, a pedido do querido Dudu, para um dedinho de prosa sobre violência doméstica e familiar contra a mulher. Vamos conversar um pouquinho?
Bom, a violência contra a mulher é toda e “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.
Então é todo ato violento (físico, psicológico, moral, sexual e patrimonial) praticado por alguém contra uma mulher, pelo fato de ela ser mulher, e que acontece em ambiente doméstico (dentro de casa) ou fora de casa por um parente (de sangue ou não, como por exemplo, o ex-marido).
Mas acho que essas informações são muito bem divulgadas e hoje em dia a gente sabe bem sobre isso.
Quero usar esse espaço aqui para dizer que o ciclo da violência é algo muito sério e triste. Por muitas vezes as mulheres não conseguem sair, não por que “gostam de apanhar” como muito se tem dito, mas porque já não sabem mais quem são, perderam sua identidade, pois sua autoestima foi minada pelo agressor.
Ela precisa de ajuda, paciência e compreensão por parte dos familiares, amigos, colegas de trabalho e profissionais da rede de atendimento, até finalmente conseguir sair desse ciclo.
O relacionamento abusivo nunca começa com um tapa, ele é sorrateiro, “come pelas beiradas”, pois para dominar a vítima o agressor entra na vida dela como o homem “mais romântico e atencioso do mundo”, porque ele precisa compensar quem de fato ele é.
Geralmente começa com pequenas intervenções sobre o que a mulher deve vestir, com quem ela deve andar…. é como se ele entrasse na mente dela, exercendo um controle, uma opressão. A vítima vai sendo oprimida, ofendida, até perder sua identidade, esquecer de fato quem ela é.
Depois vem os gritos e para impedir reações dessa forma, a mulher evita falar, dar sua opinião, se anula, pois de maneira alguma ela quer causar nele essas reações.
Ops! Ela começa a pensar que a culpa é dela, que é ela quem provoca o pior dele. Talvez pudesse sair disso tudo, mas tem os filhos e pensa que não é capaz de cuidar deles sem ele, ou de trabalhar para seu próprio sustento ou como ele disse “já tá feia e velha para arrumar outra pessoa”, “ou não conseguirá ficar sem ele” ou “ele pode matá-la, não dar paz, ficar perseguindo”, aiiii nem… melhor prosseguir, quem sabe ele melhora.
Ah e tem dias que ele é muito bom, carinhoso, traz flores, presentes, jantares e viagens, não se enxergando que é para compensar o abuso.
Em seguida vêm os tapas, chutes, socos, murros, puxões de cabelo e em casos mais graves o homicídio.
Para sair desse ciclo, sua amiga, comadre, companheira, filha, parente… sei lá… a pessoa que você conhece, precisa da sua ajuda e compreensão.
Durante a pandemia todos estamos em casa, muitos porque ficaram desempregados, outros porque tiverem seus contratos suspensos, estão em home office ou sem aula e a convivência com o agressor aumentou. Fique atendo! Faça sua parte! Ajude!
A boa noticia é que há vida após a violência doméstica e ela acontece quando tomamos consciência que precisamos reagir pedir ajuda.
Um tratamento com psicólogo pode ser um ponto de partida para ajudar a entender que você é você e que não existe nada mais especial e importante do que isso.
Deus te criou para que seja quem você é e há uma beleza em ser assim: você! Seja autêntica! Todas as suas características internas e externas foram dadas por Deus para um propósito a ser realizado nesse mundo. Não permita que te digam o contrário ou te convençam a pensar o contrário sobre você.
Agora sim, você está pronta. Peça ajuda e saia dessa opressão!
A mulher vítima de um relacionamento abusivo pode pedir ajudar a um parente, amigo, líder espiritual, enfermeiro do PSF, assistente social, professor da escola do filho, vizinho, parente… qualquer um que ela confie e que juntos possam acionar o poder publico.
Esteja pronto a ajudar! Tenha empatia com quem passa por essa situação e ofereça ajuda.
O poder público tem muitos canais de atendimento: 190 (policia militar), 197 (policia civil), 180 (Central de Atendimento a Mulher), Disque 100 (Disque Direitos Humanos) ou a vítima pode se dirigir a qualquer delegacia.
Estamos aqui 24 horas por dia para ajudar você a sair desse ciclo! Vamos todos combater o relacionamento abusivo e a violência doméstica que dele origina! Esse é um problema de todos nós! “Em briga de marido e mulher vamos sim meter a nossa colher”.
Grande beijo e abração para todos! Obrigada Dudu pelo espaço!
Obrigada Caratinga pela confiança, amo muito essa terra e contem comigo sempreeee!!!
Por Nayára Travassos Costa Vasconcelos, Delegada de Policia do Estado de Minas Gerais, responsável pela Delegacia de Atendimento à Mulher de Caratinga-MG.