Suicídio é um assunto desagradável, mas falar de suicídio é necessário. No momento atual de grandes mudanças e incertezas, isso se torna ainda mais importante.
Numa sociedade repleta de redes sociais felizes e de sorrisos abundantes, sofrer não é permitido. Quem sofre se sente envergonhado, estranho, incompreendido e acaba se escondendo. E como muitas vezes não recebem ajuda ou, apesar de recebê-la, essas pessoas se sentem incapazes de lidar com suas dores emocionais e, às vezes num ato de desespero e impulso, às vezes num ato pensado e programado, encontram no suicídio a solução e o alívio para seu sofrimento.
Em todo o mundo as taxas de suicídio vêm ampliando, acumulando um aumento de 60% em 45 anos. Dados atuais mostram que, no Brasil, uma pessoa comete suicídio a cada 45 minutos, enquanto a média mundial é ainda pior, com um suicídio a cada 45 segundos, sendo que 79% dos suicídios no mundo ocorrem em países de baixa e média renda.
Presente em todas as faixas etárias, é no final da adolescência e início da vida adulta que se concentra o maior percentual de suicídio, sendo essa a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Ingestão de pesticidas, enforcamento e armas de fogo estão entre os métodos mais comuns de suicídio em nível global.
Mas é necessário olhar além dos dados: a cada ano, cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida e um número ainda maior de pessoas tenta o suicídio. Muitas vezes perdidos num mundo de tantas possibilidades e quase nenhum limite, pessoas de todas as idades vêm enfrentado dificuldades de lidar com suas dores e se sentido sozinhas nessa caminhada. Frequentemente lidam com pais, familiares e amigos que não estão disponíveis emocionalmente para auxiliá-los na transformação do sofrimento em aprendizado e no entendimento de que ele faz parte do crescimento do ser humano. Ao aceitar a condição de sofrer como algo natural, digno e possível de ser vivenciado como um processo, a sociedade se une aos psicólogos e outros tantos profissionais da saúde num esforço de prevenir as tentativas de autoestermínio. Sentindo-se acolhidas, essas pessoas serão capazes de encontrar um sentido para a vida e seus caminhos às vezes um tanto tortuosos, olhando para o futuro com mais esperança.
Todo ser humano deseja ser visto, acolhido e se sentir pertencido. Escutar o outro com afeto, acolher e validar sua dor e encorajar a pedir ajuda especializada são atos inestimáveis para a busca de sentido e valorização da vida. Toda vida vale a pena. Toda vida importa. Importe-se!